Filo dos Platelmintos

Platelmintos

Os platelmintos são vermes que surgiram na Terra há provavelmente cerca de 600 milhões de anos. Esses animais têm o corpo geralmente achatado, daí o nome do grupo: platelmintos (do grego platy: achatado; e helmin: verme). Os platelmintos, que compreendem em torno de 15 mil espécies, vivem principalmente em ambientes aquáticos, como oceanos, rios e lagos; são encontrados também em ambientes terrestres úmidos. Alguns têm vida livre, outros parasitam animais diversos, especialmente vertebrados. Medindo desde alguns milímetros até metros de comprimento, os platelmintos possuem tubo digestório incompleto, ou seja, têm apenas uma abertura – a boca-, por onde ingerem alimentos e eliminam as fezes; portanto, não possuem ânus. Alguns nem tubo digestório têm e vivem adaptados à vida parasitária, absorvendo, através da pele, o alimento previamente digerido pelo organismo hospedeiro. Entre os muitos exemplos de platelmintos vamos estudar as planárias, as tênias e os esquistossomos.

As planárias

Medindo cerca de 1,5 cm de comprimento, esses platelmintos podem ser encontrados
em córregos, lagos e lugares úmidos. Locomovem-se com ajuda de cílios e alimentam-se de moluscos, de outros vermes e de cadáveres de animais maiores, entre outros exemplos.

planaria2

Na região anterior do corpo da planária localizam-se a cabeça e os órgãos dos sentidos: ocelos, estruturas capazes de detectar contrastes entre claro e escuro, mas que não formam imagens; órgãos auriculares, expansões laterais da cabeça capazes de perceber sensações gustatórias e olfatórias, auxiliando o animal na localização do alimento.
planaria3

O corpo é achatado dorsiventralmente e possui a boca localizada na região ventral do
corpo. O intestino da planária é bastante ramificado e atua digerindo os alimentos e
distribuindo para as demais partes do corpo.
planaria4A planária adulta é hermafrodita, isto é, apresenta tanto o sistema genital feminino
quanto masculino. Quando duas planárias estão sexualmente maduras e se encontram, elas podem copular.
Após a troca de espermatozóides através dos poros genitais, os animais se separam e os ovos são eliminados para o meio externo. No interior de cada ovo, encerrado em cápsulas, desenvolve-se um embrião, que se transforma em uma jovem planária. As planárias tem grande poder de regeneração. Cortando-se o animal em alguns pedaços, cada um deles pode dar origem a uma planária inteira. Observe o esquema abaixo.planaria5

Confira os outros integrantes do grupo dos platelmintos e as doenças causadas por
elas:

As Tênias

A teníase é uma doença causada pela forma adulta das tênias, Taenia solium, do porco e Taenia saginata, do boi). Muitas vezes, o paciente nem sabe que convive com o parasita em seu intestino delgado.

As tênias também são chamadas de solitárias, porque, na maioria dos casos, o portador traz apenas um verme adulto.

São altamente competitivas pelo habitat e, sendo hermafroditas com
estruturas fisiológicas para autofecundação, não necessitam de
parceiros para a cópula e postura deteniase2
ovos.
O homem portador da verminose apresenta a tênia no estado adulto de seu intestino, sendo, portanto, o hospedeiro definitivo. Os últimos anéis ou proglótides são hermafroditas e aptos à fecundação. Geralmente, os espermatozóides de um anel
fecundam os óvulos de outro segmento, no mesmo animal.

A quantidade de ovos produzidos é muito grande (30 a 80 mil em cada proglote), sendo uma garantia para a
perpetuação e propagação da espécie. Os anéis grávidos se desprendem periodicamente e caem com as fezes.

O hospedeiro intermediário é o porco, animal que, por ser coprófago (que se alimenta
de fezes), ingere os proglótides grávidos ou os ovos que foram liberados no meio.
Dentro do intestino do animal, os embriões deixam a proteção dos ovos e, por meio de
seis ganchos, perfuram a mucosa intestinal. Pela circulação sangüínea, alcançam os
músculos e o fígado do porco, transformando-se em larvas denominadas cisticercos,
que apresentam o escólex invaginado numa vesícula. Quando o homem se alimenta de carne suína crua ou mal cozida contendo estes cisticercos, as vesículas são digeridas, liberando o escólex que se everte e fixa-se nas paredes intestinais através dos ganchos e ventosas. O homem com tais características desenvolve a teníase, isto é, está com o helminte no estado adulto, e é o seu hospedeiro definitivo. Os cisticercos apresentam-se semelhantes a pérolas esbranquiçadas, com diâmetros variáveis, normalmente do tamanho de uma ervilha.

CICLO DA TENÍASEteniase

1. Ao se alimentar de carnes cruas ou mal passadas, o homem pode ingerir
cisticercos (lasvas de tênia).
2. No intestino, a larva se liberta, fixa o escólex, cresce e origina a tênia adulta.
3. Proglotes maduras, contendo testículos e ovários, reproduzem-se entre si e
originam proglotes grávidas, cheias de ovos. Proglotes grávidas despremdem-
se unidas em grupos de 2 a 6 e são liberados durante ou após as evacuações.
4. No solo, rompem-se e liberam ovos. Cada ovo é esférico, mede cerca de 30
mm de diâmetro, possui 6 pequenos ganchos e é conhecido como oncosfera.
Espalha-se pelo meio e podem ser ingeridos pelo hospedeiro intermediário.
5. No intestino do animal, os ovos penetram no revestimento intestinal e cae no
sangue. Atingem principalmente a musculatura sublingual, diafragma, sistema
nervoso e coração.
6. Cada ovo se transforma em uma larva, uma tênia em miniatura, chamada
cisticerco, cujo tamanho lembra o de um pequeno grão de  canjica. Essa larva
contém escólex e um curto pescoço, tudo envolto por uma vesícula protetora.
7. Por autoinfestação, ovos passam para a corrente sangüínea e desenvolvem-se
em cisticercos (larvas) em tecidos humanos, causando uma doenças – a
cisticercose que pode ser fatal.

Sintomatologia

Muitas vezes a teníase é assintomática. Porém, podem surgir transtornos dispépticos,
tais como: alterações do apetite (fome intensa ou perda do apetite), enjôos, diarréias
freqüentes, perturbações nervosas, irritação, fadiga e insônia.

Profilaxia e Tratamento

A profilaxia consiste na educação sanitária, em cozinhar bem as carnes e na fiscalização da carne e seus derivados (lingüiça, salame, chouriço,etc.)
Em relação ao tratamento, este consiste na aplicação de dose única (2g) de niclosamida. Podem ser usadas outras drogas alternativas, como diclorofeno, mebendazol, etc.

O chá de sementes de abóbora é muito usado e indicado até hoje por muitos médicos, especialmente para crianças e gestantes.

O Esquistossomo

Infecção causada por verme parasita da classe Trematoda. Ocorre em diversas partes
do mundo de forma não controlada (endêmica). Nestes locais o número de pessoas
com esta parasitose se mantém mais ou menos constante. Os parasitas desta classe são cinco, e variam como agente causador da infecção conforme a
região do mundo. No nosso país a esquistossomose é causada pelo Schistossoma
mansoni. O principal hospedeiro e reservatório do parasita é o homem, sendo a partir de suas excretas (fezes e urina) que os ovos são disseminados na natureza.esquistossoma2
Possui ainda um hospedeiro intermediário que são os caramujos, caracóis ou lesmas, onde os ovos passam a forma larvária (cercária). Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas, como lagos, infecta o homem pela pele causando uma inflamação da mesma. Já no homem o parasita se desenvolve e se aloja nas veias do intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo esta a causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e levar a morte.

As fezes de pessoas infectadas contaminam os rios e lagos com os ovos do Schistossoma mansoni.

Os sexos do Schistossoma mansoni são separados. O macho mede de 6 a 10 mm de comprimento. É robusto e possui um esquistossoma11sulco ventral, o canal ginecóforo, que abriga a fêmea durante o
acasalamento. A fêmea é mais comprida e delgada que o macho.
Ambos possuem ventosas de fixação, localizadas na extremidade
anterior do corpo e que facilitam a adesão dos vermes às paredes dos vasos sanguíneos.

 

Como se adquire?

Os ovos eliminados pela urina e fezes dos homens contaminados evoluem para larvas
na água, estas se alojam e desenvolvem em caramujos. Estes últimos liberam a larva
adulta, que ao permanecer na água contaminam o homem. No sistema venoso
humano os parasitas se desenvolvem até atingir de 1 a 2 cm de comprimento, se
reproduzem e eliminam ovos. O desenvolvimento do parasita no homem leva
aproximadamente 6 semanas (período de incubação), quando atinge a forma adulta e
reprodutora já no seu habitat final, o sistema venoso. A liberação de ovos pelo homem
pode permanecer por muitos anos.

esquistossoma3

 

O que se sente?

No momento da contaminação pode ocorrer uma reação do tipo alérgica na pele com
coceira e vermelhidão, desencadeada pela penetração do parasita. Esta reação ocorre
aproximadamente 24 horas após a contaminação. Após 4 a 8 semanas surge quadro
de febre, calafrios, dor-de- cabeça, dores abdominais, inapetência, náuseas, vômitos e
tosse seca.
O médico ao examinar o portador da parasitose nesta fase pode encontrar o fígado e
baço aumentados e ínguas pelo corpo (linfonodos aumentados ou
linfoadenomegalias).

Estes sinais e sintomas normalmente desaparecerem em poucas semanas.
Dependendo da quantidade de vermes a pessoa pode se tornar portadora do parasitaesquistossomose4
sem nenhum sintoma, ou ao longo dos meses apresentar os sintomas da forma crônica da doença: fadiga, dor abdominal em cólica com diarréia intermitente ou disenteria. Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do fígado com consequente aumento destes órgãos e desvio do fluxo de sangue que podem causar desde desconforto ou dor no quadrante superior esquerdo do abdômen até vômitos com sangue por varizes que se formam no esôfago.
 

 

Como se faz o diagnóstico?

Para diagnosticar esquistossomose a informação de que o suspeito de estar infectado
esteve em área onde há muitos casos de doença (zona endêmica) é muito importante,
além dos sintomas e sinais descritos acima (quadro clínico). Exames de fezes e urina
com ovos do parasita ou mesmo de pequenas amostras de tecidos de alguns órgãos
(biópsias da mucosa do final do intestino) são definitivas. Mais recentemente se dispõe
de exames que detectam, no sangue, a presença de anticorpos contra o parasita que
são úteis naqueles casos de infecção leve ou sem sintomas.

esquistossomose5

 

Como se trata?

O tratamento de escolha com antiparasitários, substâncias químicas que são tóxicas ao parasita. Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam o parasita, mas a medicação de escolha é o Oxaminiquina ou Praziquantel ou, que se toma sob a forma de comprimidos na maior parte das vezes durante um dia. Isto é suficiente para eliminar o parasita, o que elimina também a disseminação dos ovos no meio ambiente. Naqueles casos de doença crônica as complicações requerem tratamento específico.

Como se previne?

Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica em diversos locais
(Penísula Arábica, África, América do Sul e Caribe) os órgãos de saúde pública (OMS

– Organização Mundial de Saúde – e Ministério da Saúde) possuem programas
próprios para controlar a doença. Basicamente as estratégias para controle da doença
baseiam-se em:
 Identificação e tratamento de portadores.
 Saneamento básico (esgoto e tratamento das águas) além de combate do
molusco hospedeiro intermediário
 Educação em saúde.
Não evacue próximo a lagoas, rios ou represas.

Utilize um banheiro com rede de esgoto

A saúde começa na sala de aula

 

CICLO DA ESQUISTOSSOMOSE

esquistossoma10
1. Os vermes adultos vivem no interior das veias do interior do fígado. Durante o
acasalamento, encaminham-se para as veias da parede intestinal executando,
portanto, o caminho inverso ao do fluxo sanguíneo.
2. Lá chegando, separam-se e a fêmea inicia a postura de ovos (mais de 1.000
por dia) em veias de pequeno calibre que ficam próximas a parede do intestino
grosso. Os ovos ficam enfileirados e cada um possui um pequeno espinho
lateral. Cada um deles produz enzimas que perfuram a parede intestinal e um a
um vão sendo liberados na luz do intestino.
3. Misturados com as fezes, alcançam o meio externo. Caindo em meio
apropriado, como lagoas, açudes e represas de água parada, cada ovo se
rompe e libera uma larva ciliada, o miracídio, que permanece vivo por apenas
algumas horas.
4. Para continuar o seu ciclo vital, cada miracídio precisa penetrar em um
caramujo do gênero Biomphalaria. Dentro do caramujo, perde os cílios e passa
por um ciclo de reprodução assexuada que gera, depois de 30 dias, numerosas
larvas de cauda bifurcada, as cercárias.
Cada cercária permanece viva de 1 a 3 dias. Nesse período, precisa penetrar através
da pele de alguém, por meio de movimentos ativos e utilizando enzimas digestivas que
abrem caminho entre as células da pele humana. No local de ingresso, é comum
haver coceira. Atingindo o sangue, são encaminhadas ao seu local de vida.

 

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